sábado, 19 de abril de 2025

Palavras com Deus...

 

Que fé é essa que não te deixa ser quem és.
Que fé é essa que te ilude da cabeça aos pés.
Que fé é essa a um Deus que dorme.
Que fé é essa que não te mata a fome.
E se é de fé que te alimentas, devias saber que ela vem com muitas tormentas.
Que nunca será pela fé que morres, mas ainda é por ela que te consomes.
E se a fé não vem para te libertar, talvez devas questionar ao Deus a que estás a rezar.
Não apontes o dedo que isso não é fé.
Não subjugues o outro à tua maré.
Não defendas o ódio como o teu senhor, porque a fé que apregoas não tem qualquer valor.
Mas se um dia quiseres falar da tua fé, embrulha-a em Amor e verás como é!
Não uses o nome dos deuses em vão, se isso te faz perder a razão.
Se o Deus a que rezas e pedes perdão, apenas te lembra que é teu irmão.
E enquanto enches os templos de ouro, com armas mortais, destróis o Seu tesouro..
Esse não é o legado de um Deus, que te incita apenas a amar os teus.
E se ainda te vês na sua oração, vive em amor e em união.
Porque se de um Deus precisas para te relembrar, que só estás aqui para aprender a amar... Escuta-o bem e com atenção para não haver dias, em que lhe pedes perdão.
Não há nenhum Deus que faça chorar.
Não há nenhum Deus que te faça opinar.
Não há nenhum Deus que erga fronteiras.
Não há nenhum Deus que te imponha barreiras.
Não há nenhum Deus que te mande matar.
Não há nenhum Deus que te queira castrar.
E se ele existir é igual a ti e apenas te instiga a sorrir e a viver, livre para ser aquilo que quiseres.
Talvez a seres melhor amanhã....
A olhar a mulher como tua irmã.
A honrar a Terra, tua guardiã..
A viver em paz, sem olhar para trás.
A ser melhor, talvez amanhã.
A ser melhor, talvez amanhã.
Talvez amanhã... 


domingo, 21 de fevereiro de 2021

Palavras com amores...

Dos amores que a abandonaram sem aviso, não sobrou nada, não se agarraram à pele, nem pediram para ficar, foram apenas passagem, paisagem vazia, fria, não deixaram nada, mas levaram tudo o que ao amor cabe dar.
Ela não chora por eles, liberta-os da culpa e do fardo de amar. 

Dos outros que se desfizeram pelo tempo, ou por incompatibilidades várias, ou apenas porque eram grandes demais para permanecer, sobrou, a amizade presente, a distante, a ausente, continuam a caminhar nas paisagens várias e ficaram para sempre, guardados nas pegadas da alma dela.

Do Amor que a espera no fundo da praia não sabe ainda se vem para ficar, nunca sabe, apenas segue com a espuma do mar, os desígnios da vida e do coração. 

Dela dizem que tem um coração grande, onde cabem todos os amores, mas ela lembra-se bem de quando ele era frágil, de quando foi quebrado e de quando se fez forte e pede-lhe apenas que se lembre de ser doce, de bater pelos outros, de não desistir do amor.
Ele responde-lhe sempre: 
- Sabes que sou incapaz de desistir, mesmo quando finjo tão bem.

Assim, seguem os dois, amando o desconhecido e todos os amores por começar. 

segunda-feira, 23 de novembro de 2020

Palavras com tempo...

Recantos perdidos no tempo dos que achavam que não tinham tempo a perder.

Do tempo que se perdeu dele próprio na procura do tempo perdido...

Escondido daqueles que se intitulavam os donos do tempo, desprezando os nadas da existência. ~

Esses que tinham o tempo todo e mesmo assim não faziam nada com ele... 

Contrastavam com os que queriam parar o tempo para sem tempo, fazerem o que lhes desse na gana. 

Depois haviam os outros, senhores do tempo todo e do tempo dos outros. 

Não conviviam de perto com os que não tinham tempo nenhum porque eram eles que lhes levavam o tempo todo. 

Consolavam-se com o tempo que se esgotava a quem disso, já não fizesse caso. 

E lá seguiam, os tolos, a acreditar que tinham tempo...
 

quinta-feira, 1 de outubro de 2020

Palavras com braços...

Os dias quentes a escaparem-se de nós.

Nós que recusamos obstinadamente a despedirmo-nos deles.

Deles que se fazem rogados, mas convencidos que voltarão em breve para nos abraçar.

Aqueles que entretanto se esquecem do calor desse abraço que escasseia e se fez tímido.

Voltamos juntos aos dias quentes e aos abraços calorosos, aos abraços de fogo que nos despem de frio e de mantas e máscaras pestilentas e bafiosas que se querem impor à força de medos e fraquezas.

Abrimos os braços, gritando que não passarão e os abraços soltam-se na força de uma rebelião curiosa que já não conseguimos deter.

Morremos abraçados de amor e de sonhos que se materializam agora, longe dos nossos olhos, mas concretizados na pele e no coração.

Livres somos e seremos enquanto esperamos os dias quentes e nos outros todos também.

terça-feira, 7 de julho de 2020

Palavras com Pedras...

Enfrento-me no encontro dos recantos da cidade que já me foi casa e quando caminho naquelas pedras, às vezes, mas só às vezes, ainda é...
Dela, contam-se as histórias que não vos pertencem e que nenhum guia turístico será capaz de vos contar.
Convenço-me que vocês também não queriam saber.  Acho que nem nós, já queremos saber.
Estamos diluídos nas pedras, espalmados contra as paredes, fundidos com os bancos do jardim e a vista do miradouro.
Revolto os cantos da casa que já me fez sua, à procura não sei bem de quê... Talvez da pureza dos dias, agitados apenas, pela presença, dos que o são.
Ainda encontro alguns, os filhos das pedras, de coração duro, prestes a desmoronar.
Cientes de coisa nenhuma, continuamos, à espera que a cidade volte a ser casa e as pedras, apenas pedras.

quinta-feira, 2 de julho de 2020

Fotos com palavras... "Mais Amor"


Palavras com Ditados...

Consumo-me no caldo entornado. 
Esgoto-me de vai-se andando devagarinho, de marcar passo sem sair do lugar. 
E se amanhã não chover vai estar um lindo dia de sol... 
Farto-me com os assim assim e há tempo para tudo. 
Não há! Não há tempo para nada que ele é escorregadio e quem escorrega também cai. 
Já não ouço as vozes de burro e nunca chegarão ao céu. 
Não passarão pelo gato escondido com algo de fora que já não usava as botas que o fizeram senhor, trocara-as pelas outras que lambia. 
Lambia agora as feridas, deixadas pelas palavras que o vento não levou e não esqueceu. 
Depois apareceu o outro que quando nasce é para todos, mas é menos dos que vão pela sombra e mais dos que gostam de se queimar. 
Ainda me surpreendo com o há males que vêm por bem, sem entender que mal é esse que me quer bem. 
Bem me quer ou mal me quer, recolhe as folhas que te pretendem arrancar. 
Arranco à papo seco para ir buscar o pão que o diabo amassou, onde o dito também perdeu as botas que roubou ao gato. 
Penso que nem tudo o que vem à rede é peixe e que para o apanhar, às vezes temos de molhar o cú. 
Corro em direção da própria imavera que não acaba por morrer a andorinha, mas que tudo quer e tudo perdeu. 
Animo-me com o sonho que comanda a vida e com aquele que desperto, a guia sozinho, ajusta as velas e encontra o caminho do vento favorável. 
Mas mais vale ser do que parecer e nenhum pássaro na mão e todos a voar.