Porque dizem que uma imagem vale mais que mil palavras...
Porque por vezes faltam-me as palavras e noutras faltam-me as imagens...
Porque continuo a minha caminhada para que elas andem juntas...
No Silêncio dos meus passos, sigo o trilho ao encontro do meu Ser... Nas pedras deixo os chinelos, o caminho é feito descalço, preciso de sentir a terra a pulsar nos pés, a dor das imperfeições do eu, que um dia deixarei para trás... Não busco a perfeição dos deuses, a minha procura é a da imperfeição pura dos homens livres, desses, que caminham descalços sem medo de voltar a magoar-se... Abraço-me neste Silêncio... Encontro adiado tantas vezes, tantas quantas calei o que não queria ouvir ou ver... Silenciei vozes que me contavam verdades e silenciei as que me mentiam em surdina... Hoje, silencio-as de novo, para em silêncio, conseguir ouvir-me apenas a mim...
Sem a maldade dos homens, sábios duendes, pureza líquida, com um olhar nos matam, com pequenos gestos mostram-nos sem pedir, o que vos faz feliz e tudo o que precisam... Quando nos esquecemos nós de ser vocês... Quem nos fez crescer, sem pedirmos... Busca incessante de ti, minha criança interior, faz-me rir de mim, ensina-me a voltar aquele tempo em que nada tinha importância, aquele tempo, em que tudo era vento, correria e dança... Aquele tempo em que um beijo curava tudo e um sorriso me devolvia a esperança... Sei que ainda moras em mim, às vezes saltitas como se me chamasses para brincar e, eu vou... Tenho saudades de quando uma guerra de cócegas me tirava o ar, quando deixámos de saber brincar? Não me deixes de chamar, porque é na tua pureza e nesse sorriso brilhante que me quero encontrar, encontrar com o teu riso, a tua frescura e beleza, a tua sensatez infantil e descomplicada, que me instiga a voltar a ser eu... Não me deixes de chamar para brincar, não te canses de gritar pelo meu nome, porque és tu que me manténs a esperança, és tu que me susténs, criança...