Do tempo que se perdeu dele próprio na procura do tempo perdido...
Porque dizem que uma imagem vale mais que mil palavras... Porque por vezes faltam-me as palavras e noutras faltam-me as imagens... Porque continuo a minha caminhada para que elas andem juntas...
segunda-feira, 23 de novembro de 2020
Palavras com tempo...
Do tempo que se perdeu dele próprio na procura do tempo perdido...
quinta-feira, 1 de outubro de 2020
Palavras com braços...
Nós que recusamos obstinadamente a despedirmo-nos deles.
Deles que se fazem rogados, mas convencidos que voltarão em breve para nos abraçar.
Aqueles que entretanto se esquecem do calor desse abraço que escasseia e se fez tímido.
Voltamos juntos aos dias quentes e aos abraços calorosos, aos abraços de fogo que nos despem de frio e de mantas e máscaras pestilentas e bafiosas que se querem impor à força de medos e fraquezas.
Morremos abraçados de amor e de sonhos que se materializam agora, longe dos nossos olhos, mas concretizados na pele e no coração.
Livres somos e seremos enquanto esperamos os dias quentes e nos outros todos também.
terça-feira, 7 de julho de 2020
Palavras com Pedras...
Dela, contam-se as histórias que não vos pertencem e que nenhum guia turístico será capaz de vos contar.
Convenço-me que vocês também não queriam saber. Acho que nem nós, já queremos saber.
Estamos diluídos nas pedras, espalmados contra as paredes, fundidos com os bancos do jardim e a vista do miradouro.
Revolto os cantos da casa que já me fez sua, à procura não sei bem de quê... Talvez da pureza dos dias, agitados apenas, pela presença, dos que o são.
Ainda encontro alguns, os filhos das pedras, de coração duro, prestes a desmoronar.
Cientes de coisa nenhuma, continuamos, à espera que a cidade volte a ser casa e as pedras, apenas pedras.
quinta-feira, 2 de julho de 2020
Palavras com Ditados...
Palavras com Casa...
Percorro o caminho de casa sem querer saber de mais nada.
Apresso o passo que se faz e se mantém lento, como ao Alentejo se pede, a urgência de abrandar. Parece que pediram também ao resto do país, mas ninguém quer escutar.
Respiro fundo, expiro as frustrações e inspiro a fugaz liberdade. Lembro que aqui é tempo de soltar os medos e expulsar os bloqueios. Escuto a Vida que me convida a Acreditar. Agir. Permanecer. Ser. Amar. Descobrir. Aceitar. Mudar.
Contemplo o que me faz feliz, o mar... Tenho o mar, aqui, outra vez, agora no lugar que me é terra, abraço e entranhas.
Sou livre, de o escutar. Escuto a vida que me pede essência. Sou.
segunda-feira, 25 de maio de 2020
Palavras confinadas...
Percorro as esplanadas de carro e olhos postos no desconfinamento dos outros, bem menos desconfiados que eu.
Apetece-me fazer o mesmo.
Mas paro, paro por mim e paro por ti. Paro por Nós.
Confinados, confiantes que temos liberdade de escolher o nosso destino. Ignorando o que não queremos ver.
Voltamos a nós e às máscaras que caindo, desmascaram a fragilidade onde habitamos agora.
Caímos sozinhos, mas juntos, numa fragmentação que nos une.
Com os pés na areia volto a mim, ouço o meu respirar e o mar, o mar... Comovo-me apenas por senti-lo ali, comigo, de novo.
Salgo a alma num mergulho feliz. Comovo-me de novo. Talvez o volte a ver amanhã, ou talvez, não seja possível voltar tão depressa... Não sei, nunca soube, mas agora tenho a certeza. Não sei nada.
Apenas que aqui estou e tenho o mar, agora tenho o mar.
terça-feira, 5 de maio de 2020
Palavras com Abril...
Do Abril que dança e que leva os outros com ele.
Filha do Abril da chuva e dos dias na praia.
Abril dos afectos e dos braços abertos.
O Abril livre que canta.
Abril de cravo no peito e de peito aberto.
O Abril que inspira e respira nas palavras que não diz.
Abril impulsivo, frenético e pulsante.
Dizem que o meu Abril foi adiado.
Recuso-me a mudar para outro mês e atrevo-me a ser filha deste Abril suspenso.
A Primavera veio na mesma, ainda que só a sinta de leve, breve, instante.
Mas ela veio com Abril.
Este Abril que não me leva os sonhos eque não me enfraquece as crenças.
O Abril que me faz parar. Escutar. Ser.
Aquele que nunca vamos esquecer.
Este Abril que nos afastou para nos voltar a unir.
Abril de mãos lavadas e de lavar as mãos.
Inquieto e incerto.
O Abril que nos querem roubado.
O Abril do nosso recolhimento.
Aquele Abril em que todos disseram que ia ficar tudo bem, sem saberem ainda o que queria dizer.
Diz-me este Abril antes de partir que..."Ser livre, está para além de Abril e das paredes que nos confinam."
Por isso, irmãos de todos os meses, amanhã... Seremos Abril de mãos dadas.