- Quem és tu? - Perguntei-lhe sem pensar...
- Eu, sou aquilo que vês e sentes... - Respondeu-me ela com um sorriso. Depois, mergulhou novamente no seu mundo inatingível, calada, suja e quieta, apenas balançando o seu corpo para um lado e para o outro, num movimento lento e contínuo...
Por muito tempo aquela imagem não me saiu da cabeça, ela era linda, jovem, inteligente e aparentemente normal... Quem ou o quê a fez chegar ali, que circunstâncias da vida a fizeram perder no caminho?... Quando mergulhou ela naquela apatia sem fim?...
Pensava e não obtinha nenhuma resposta...
Mais tarde comecei a reflectir sobre as suas palavras, "- Eu, sou aquilo que vês e sentes...", mas que via ou sentia eu, na realidade? Procurei mais profundamente, naquilo que senti a primeira vez que a vi e lembrei-me... Tu és eu, pensei... Tu e eu, somos iguais... O que me distingue de ti? Um episódio? Um momento? Porque foste parar ai e eu me mantenho à tona, sou melhor que tu?
Não, definitivamente, não sou...
Sabia que aquilo que nos separava era invisível e muito frágil, comecei a tentar entender e a não esperar uma resposta coerente, qualquer uma que me desse servia, adorava vê-la sorrir e ouvir as suas histórias sem sentido, nesses momentos, esquecia-me que ela ia voltar para aquele mundo onde só ela entrava, não me importava... Afinal, ela era eu, não a ia julgar...
Quem somos nós para julgar....
ResponderEliminarTodos nós temos uma razão para sermos como somos... por isso não julgues,aceita :)
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