Sinto o cheiro da relva e descalço-me.
Pouso o livro e os pés sobre a terra molhada que me espera feliz.
Sorrio por ver-te passar, danças uma dança solitária que me acalma, fluis por entre a desconfiança de ser quem és.
Começo a ler. Encontro-me nas entrelinhas dos livros todos, há muito que todos os livros sou eu, mesmo quando não percebo o que me dizem.
Distraio-me com as vozes dos outros, aqueles que não sabem respeitar o silêncio dos que estão, sou eu também a passar com companhia, hoje não, hoje estou só comigo, sorrio de novo, reconheço-me também no barulho dos outros.
Saboreio a sensação de não pertença a este lugar, sabe bem andar perdido em lugares que não são nossos.
Olho-te nos olhos e percebo que choras, pensava que apenas conversavam e que mantinha a distância suficiente para não incomodar a vossa partilha. Preocupo-me com isso, em não interferir. Abraças o teu amigo, não percebo se são um casal que se despede e troca as últimas palavras, ou apenas dois homens crescidos que partilham emoções, sem medo de serem descobertos. Sorrio outra vez.
Volto ao livro. Volto a mim. "O Lobo das Estepes" também sou eu.
Ouço o vazio do rio, pousado inerte e despido da água, a chafurdar na lama. Sorrio.
Fecho o livro. Despeço-me da relva. Parto a sorrir. Danço para mim. Agradeço-me. Celebro-te. Sorrio.
Porque dizem que uma imagem vale mais que mil palavras... Porque por vezes faltam-me as palavras e noutras faltam-me as imagens... Porque continuo a minha caminhada para que elas andem juntas...
terça-feira, 2 de agosto de 2016
terça-feira, 14 de junho de 2016
Palavras com espera...
Espero-te aqui, onde o tempo não tem pressa e as horas não são nossas.
Espero-te aqui, onde o sono não descansa e as ondas não se cansam.
Espero-te aqui, onde os lamentos são murmúrios e as gargalhadas são canções.
Espero-te aqui, onde esperando não pergunto e encontro o que já sei.
Espero-te aqui.
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