terça-feira, 21 de agosto de 2012

Palavras com Férias...

As águas estavam calmas e o céu  era uma tela tranquila, que nos inspirava a sonhar acordados, ou simplesmente, ficar a contemplar aqueles pequenos nada que são tudo...
As crianças brincavam à beira-mar, nós sentados na areia, tentávamos descontrair e simplesmente esvaziar os pensamentos das coisas quotidianas que ainda teimavam em aparecer de vez em quando, a conta que ficou por pagar, o computador que ficou ligado, se tínhamos regado as plantas, de quem era o próximo aniversário... O nosso esforço consistia em não pensar em nada, esse, era o maior desafio que tínhamos levado na bagagem, esvaziarmos de tudo. 
Era o primeiro dia de férias, o descanso tão esperado e merecido, depois de um dos anos mais difíceis das nossas vidas, sabíamos que ainda estávamos longe de ver todos os problemas resolvidos, mas naquele momento, queríamos ser capazes de apagar todas as coisas negativas e apenas usufruir do silêncio, dos sorrisos, do calor, das brincadeiras,   das pessoas que cruzariam o nosso caminho, das cores e dos sabores que nos esperavam.
Ao fim de umas horas começávamos a perceber que o objectivo a que nos tínhamos proposto, seria mais complicado de atingir do que previamente pensámos, parecia-nos mais fácil quando o delineámos, a bagagem era bem mais pesada do que queríamos acreditar. Tudo o que tínhamos acumulado parecia não querer sair das nossas costas, a "mochila" estava carregada. 
Lentamente e com o passar dos dias e das horas, intensificámos o exercício, contemplávamos mais, falávamos menos e tentávamos que os minutos não existissem, ou influenciassem os nossos dias, nem sempre era possível, por causa das crianças, mas também elas se foram adaptando à nova rotina, ou falta dela. Os dias começaram a parecer maiores e todos os detalhes, faziam com que esse novo dia, fosse para nós, o melhor de sempre... Já caminhávamos com uma leveza que há muito não reconhecíamos... Foi num desses momentos que me puxaste pela mão contra ti, eles dormiam na sombra do chapéu-de-sol, começámos a caminhar num passo lento de mãos dadas, a intensidade com que me olhavas, dispensava as palavras, de repente começámos a correr pela praia, agora parecíamos nós as crianças, mandávamos água um ao outro, ríamos e abraçávamos, acreditando e sentindo que aquelas já eram as melhores férias de sempre. 
Percebi que tínhamos atingido o nosso objectivo, a bagagem tinha ficado para trás e que dali para a frente, seriámos sempre capazes de enfrentar as dificuldades com que nos íamos deparar no caminho... Agora sim, estávamos finalmente de férias...